Os franceses têm eleições livres. Ali não há tiroteios e as empresas de sondagens não se queixam de que as pessoas têm receio de responder às sondagens, como na Madeira.

O Sarkozy não caiu lá a semana passada de pára-quedas. Já foi Ministro do Interior, já mostrou a todos o que quer, que tipo de Estado defende. Vimos o Estado policial que preconizou enquanto ainda estava limitado pela obediência a Villepin e Chirac. Anunciou bem claro, para todos os meios de comunicação e com a devida antecedência, que queria deitar abaixo o que resta do Maio de 68. E acreditem, já não é muito… As consequências da sua eleição eram bem previsíveis.

Em suma, os franceses sabiam bem ao que iam e em quem estavam a votar. Votaram de livre vontade em quem quiseram.

Quanto aos protestos, não concordo com a destruição de propriedade como forma de luta. Sendo que esta afirmação é um ponto de partida, concordo ainda menos que a polícia torne as cidades francesas em zonas de guerra, com o bloqueio total de ruas, o que em vez de levar à supostamente desejada dispersão dos manifestantes, apenas serve para espancar, gazear e prender o máximo número de pessoas, mesmo as que não tivessem qualquer ligação à manifestação.

Não dou razão aos manifestantes no que se relaciona com a violência, mas desconfio que rapidamente os CRS de Sarkozy lhes darão razão, suplantando de longe os níveis de violência a que já nos “habituaram”.

Entretanto, outras formas de luta começam a tomar forma, e que passam relativamente incógnitas nos media portugueses.

Parece-me que o mandato de Sarkozy ou vai ser muito duro ou muito curto.