You are currently browsing the monthly archive for Novembro 2010.


Expulsión OTAN
 

Originally uploaded by anticapitalistas

(Nota prévia: vejam a imagem em grande no site original, leiam por favor o documento)

Eu queria falar sobre isto, mas falta-me o software. Não fui programada para estas coisas, não fomos nós, da minha geração, programados para lidar com censura. O guarda é manifestamente analfabeto. A frase, a razão pela expulsão é: “Em virtude de: se encontrar conectado com eventual manifestação contra a NATO. Viajava em viatura com onde [?] foi encontrado em material de propaganda contra anti-NATO

Primeira razão invocada é a ligação à manif anti-NATO, ligação essa proibida e metade da manifestação estava proibida também e foi metida numa jaula de guardas açanhados separada dos restantes manifestantes. Mas voltemos ao documento anexo. A segunda razão foi o facto de a viatura transportar propaganda (papel, papelinho, essa perigosa arma) anti-NATO.

Lá está, falta-nos a programação. Se fossem os nossos pais sabiam trazer as coisas proibidas dentro do saco da roupa suja ou no meio de um saco cheio de fraldas de bebé usadas. Nós fazemos panfletos e andamos com eles à mostra como se fosse permitido. Claramente temos que ir recuperar os saberes antigos da Resistência. E o partido no poder chama-se a si próprio socialista. Está bem, está!

(Nota prévia: Foi com a leitura da Visão da semana passada que me decidi a finalmente falar deste assunto. Não vou mencionar nomes — eles até sabem bem quem são — nem falar de todas as outras ilegalidades daquele “local de trabalho”. Isso não era um artigo, seria uma tese!)

 

Já fui vítima de Assédio moral no trabalho. De entre os vários factores apontados como assédio, os seguintes passavam-se comigo (e com alguns dos meus colegas):

É-lhe vedado o acesso a informação necessária ao seu desempenho profissional? SIM, era. Sobretudo a informação que estava fora do escritório, porque se não estivesse presente no escritório não podiam vigiar o cumprimento do horário. Se o trabalho aparecia feito no fim do dia ou não, pouco importava. O horário, a vigilância e o horário.

São espalhados rumores ou mexericos sobre si? Descobri recentemente que sim, também eram espalhados mexericos sobre mim, que de tão ridículos e inacreditáveis só provocavam risota, embora ainda hoje o colectivo patronal ainda acreditar neles. Desta parte até eu me rio! Desculpa lá, rapaz, mas eu nunca poderia estar apaixonada por ti!!!

Gritam consigo ou é alvo de comportamentos coléricos ou de raiva? Ora, aqui residia a grande questão. Esta era (e ainda é com alguns dos empregados que estão no mesmo local) a forma de comunicação habitual. Era o dia-a-dia, por razões tão fantásticas como perder 10 segundos a dizer “Bom dia” aos colegas. Sim, leram bem, grande ataque colérico por ter cumprimentado os meus colegas um dia de manhã. Com mail colérico a seguir. Este foi só um dos dias de trabalho igual a tantos outros.

É alvo de piadas ou brincadeiras de mau gosto? Era.

É socialmente ignorado pelos colegas, excluído das actividades de trabalho em grupo ou emprateleirado? Sim, era, mas não pelos colegas. Era excluída de algumas actividades e “emprateleirada”  pelo colectivo patronal.

 

Mais perguntas houvesse, mais historietas viriam ao de cima.

— O artº 20.º do Código de Trabalho interdita  a utilização de quaisquer meios tecnológicos para a vigilância dos trabalhadores à distância, mas a Inspecção Geral do Trabalho nunca apareceu para explicar isso ao colectivo patronal e essa era prática diária. O trabalho efectuado não importava, mas a quantidade de tempo que o écran estava em standby era medido ao segundo.

— O mesmo Código estabelece que a entidade patronal tem que criar condições para proteger a saúde dos trabalhadores. Quando substituíram alguns equipamentos de aquecimento por outros muito pouco saudáveis, fiz esse reparo a um dos patrões, que respondeu “Eu sei [que fazem mal], mas ficam.”

— a obsessão doentia com os ficheiros de picar o ponto (ilegais por si só na situação laboral em questão), com o cumprimento escrupuloso do horário de trabalho [que primeiro não havia, depois passou a haver e que ia mudando constantemente, nem sempre com o meu conhecimento], sem qualquer consulta aos relatórios de actividade, onde estava relatada a actividade propriamente dita, o conteúdo do trabalho realizado e os objectivos atingidos; isso não era importante, o essencial era o horário, o horário, o horário. Ah, e… o horário. Ao berro!

— as situações ridículas de grandes ataques coléricos por não ter feito a tarefa x da forma que me tinham dito e que eu só depois de se acalmarem conseguia explicar que daquela forma teria sido impossível e que tinha encontrado uma forma mais eficiente de a fazer. Os ataques coléricos, os berros, as gritarias, nesses casos, acabavam em silêncios embaraçosos. Pedidos de desculpas? Nem um.

 

O artigo da Visão fala de casos mais graves e de duração muito mais longa. Há gente que se suicida. Eu nunca pensei nisso, mas tremia de medo à sexta-feira à noite, por pensar que só faltavam 2 dias para ter que voltar. Ansiedade, insónias, medo, etc. Ainda tremo só por estar a reviver essa altura para escrever este artigo. Àquele sítio chamo-lhe “sanzala”, porque não são os míseros trocos que tornam a escravatura menos escravatura.

Quando aquilo acabou pensei que era o fim, mas não podia estar mais enganada. Ainda hoje me espanto com pequenas coisas quando me tratam como “gente normal” e percebo o quanto foi grave o que se passou.

Essa relação criminosa e doentia veio a influenciar as relações patronais posteriores com pessoas que nada têm a ver com este comportamento. Deixa marcas profundas. É difícil ainda hoje raciocinar claramente e não ter medo que o patrão desate de repente aos berros sem razão, apesar de no meu actual emprego (e nos outros que tive entretanto depois daquele específico) nada disso ter alguma vez acontecido. Cada vez que há uma situação de mais stress, quando estou em desacordo,;no fundo, quando a vida diária de qualquer organização acontece, o meu primeiro instinto é reagir como se ainda estivesse naquele sítio e o patrão ainda fosse o mesmo. Lentamente o raciocínio vai reagindo cada vez mais rapidamente: este primeiro instinto já não dura mais que uns segundos, mas também já passaram alguns anos.

Hoje, com os antigos colegas da “sanzala” que se tornaram amigos, tentamos rir da situação, do ridículo.daquela gentinha de faces alteradas, vermelhos de raiva pelas coisas mais estúpidas. Mas a verdade é que a ansiedade não é pouca nem é fácil de curar. A Visão chama-lhe Histórias de terror e são: a palavra não é nem um bocadinho exagerada.

Pessoal… e Transmissível – TSF.

Rafael Marques, nome que eu desconhecia até hoje (mea culpa), é um jornalista angolano e activista dos direitos humanos. Dedica-se à investigação da corrupção em Angola e falou hoje na entrevista com o Carlos Vaz Marques; falou e disse. Tudo!
Nós vamos ouvindo falar da Sonangol, da filha do presidente angolano, assim por alto. Sabemos do envolvimento do BES — mas o BES com o currículo que tem, não surpreende ninguém, é um grupo versátil em todo o tipo de barbaridades —, mas não sabemos da profundidade do envolvimento dos nossos eleitos todos, ao longo dos anos. Não se limitam ao deixar andar ou à ausência de denúncia, há uma ajuda activa e colaboração na situação existente.

Ora, o Rafael Marques não consegue entrar em Portugal pela via normal, ou seja, dirigindo-se à embaixada portuguesa em Luanda e cumprindo os trâmites normais para obter o visto. Não. Tem que ir a outra embaixada do espaço Schengen e entrar em Portugal através da UE (bom, para alguma coisa esta porcaria de união financeira havia de servir!!!). Diz que nunca foi incomodado em Portugal (era só o que faltava!), mas não lhe dão o visto, porque denuncia a corrupção em Angola e o estado português tem que ser bem-mandado. Afinal o estado português não é o cão de fila obediente da Europa, é uma puta que abana a cauda a qualquer um que lhe acene com um maço de notas!

O blog dele aqui fica — Maka Angola — para seguir atentamente. Enquanto ele continuar a publicar, significa que o José Eduardo dos Santos ou qualquer outro empresário ainda não o assassinaram.

Para mim, portuguesa, é uma vergonha ter este estado, estes representantes, este país, que participa activamente na miséria do povo de um dos países mais ricos do Mundo!

Cavaco diz que não faz cartaz, o que a malta até agradece. A ideia de ter que lhe ver a cara a cada dez metros sempre que se sai à rua é suficiente para me dar pesadelos. E isto sem me lembrar de que há uma real possibilidade de ele ser reeleito! Sobre os problemas psíquicos de um povo que reelege este tipo — e todos os que podem votar já estavam vivos nos anos 90 e o trabalho deste PM não foi propriamente no séc. XII! — a única coisa que tenho a dizer é: ainda bem que não sou psiquiatra para não ter que estudar tamanho estado de loucura!

Quanto às razões para não fazer cartazes, além da demagogia dos custos, parece que estão claras aqui ao lado. Cavaco não tem fotografias normais, sem embaraços. O menor dos males seria fazer os cartazes com as imagens do bolo-rei: essa é só ridícula.

As restantes fotografias estão provavelmente num arquivo de um tribunal como prova dos mais diversos casos badalados cá do burgo. Como esta, por exemplo…

Auditoria

Que se lixe a troika