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Hoje foi na Gare du Nord. Ao prender um passageiro que não tinha bilhete, a polícia usou demasiada força, o que obviamente indignou os restantes passageiros. Daí à rebelião foi um instante. A polícia puxou da única arma que sabe usar. Podia ser a da inteligência, mas não… Num subsolo fechado de um dos maiores entrepostos de transportes na Europa, à hora de ponta, a única coisa que a polícia se lembrou de fazer foi puxar do gás lacrimogéneo.

Quanto ao assunto da escola, cuja directora foi presa e vários dos pais identificados e chamados a depôr, os sindicatos já reuniram e já acordaram uma greve para a próxima sexta-feira. É a isto que eu chamo eficácia e rapidez de reacção.

Ensaladas
(Ensaladas)

Foi ontem. Mas o Teatro não é como a Poesia. A Poesia pode ler-se em silêncio, ou cada um para si, como quer, em voz alta. Por isso faz sentido postar poesia no dia dela.

O Teatro, ou se está lá ou não. Lê-lo em casa é ler uma peça, mas não é O Teatro. O Teatro tem um palco de tábuas, luzes, actores… Pode não ter mais nada, mas tem que ter pelo menos os actores e o público: o nervoso miudinho antes de entrar em palco, aquela sensação de medo bom, o não poder viver sem querer sentir aquele “querer fugir dali”, e a curiosidade do público quando se apagam as luzes, a cumplicidade entre o público e os actores. Por isso não se pode postar Teatro.

Quem não foi ontem ao Teatro, não importa. Os dias simbólicos são só isso mesmo. O que importa é ir nos outros 364 dias!

Os CRS são a polícia de choque, a preferida de Sarkozy, a que melhor lhe obedece. Já aqui falei da estratégia que tem vindo a ser usada para apanhar sem papéis. Atacam os Restos du Coeur e agora também à saída das escolas primárias onde as crianças têm a família à espera.

Belleville é um bairro central de Paris, um dos mais giros e vivos, porque um dos que mais gentes diferentes tem. Ali faz mesmo sentido pensar que o mundo inteiro se reúne em Paris.

À hora de saída da escola, os pais começavam a chegar para ir buscar os filhos. Em frente, num café de bairro, a polícia invade e identifica os clientes um a um. Saem com um homem que os populares reconheceram como o avô de crianças ali da escola. A mobilização para a resistência pacífica foi imediata. Nem pensar em deixar os carros arrancar, nem pensar em deixar extraditar o vizinho.

Os CRS não conseguiam levar a sua avante e decidiram então começar a bater nas pessoas. Entretanto, as aulas tinham acabado e as crianças começavam a sair da escola. Viam “aqueles senhores que existem para nos proteger” (bela fábula!) a bater forte nos seus pais, à porta da sua escola.

Os CRS ameaçaram soltar os cães, acabaram por puxar do gás lacrimogéneo, e gazearam os pais e os filhos à porta de uma escola primária. a directora da escola foi interrogada e presa três dias depois.

Ainda um dia há-de ser obrigatório ser-se humano para se ser polícia.

Notícias aqui e aqui.

… e o Presidente da Faculdade assobia para o lado.

Os neo-nazis da FN e do PNR (não me venham com merdas, eles são os mesmos, distribuem os mesmos panfletos, têm os mesmos símbolos, os mesmos nomes e as mesmas caras: são efectivamente os mesmos, apesar de isso nunca ter sido reconhecido pela CNE, vá lá perceber-se porquê!) são agora candidatos à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa.

Tudo começou quando um dos assassinos cadastrados e condenados pela morte do Alcindo Monteiro, teve como pena a frequência do curso de Estudos Africanos na FL. Portanto, houve um juíz que achou por bem enfiar um assassino numa faculdade cheia de gente, e num curso onde seria mais provável ele matar mais alguém do que reeducar-se. Mais, a pena não era ele seguir o curso e acabá-lo, era apenas por um tempo determinado. Chegado o fim desse tempo, o nazi assassino pôde mudar de curso e, deixando de ser seguido pela polícia, mesmo estando referenciado como nazi e assassino, teve liberdade para formar um grupo de intimidação nazi dentro da faculdade.

Este grupelho de nazis agrupados em volta de um assassino têm tomado de assalto a faculdade de letras, com pinturas de murais, mas acima de tudo, com a intimidação e ameaças aos alunos que lhes façam frente. E candidatam-se a eleições para a AE sem qualquer problema com a direcção da faculdade.

A semana passada, por outro lado, assistimos ao triste episódio de ver o Presidente da Faculdade (cheia de murais de cariz racista, pintados de noite sem interrupções e nunca mandados apagar) mandar interromper a pintura de um mural pela Liberdade e a Igualdade, que estava a ser feito por um grupo anti-racista.

São dias tristes, em que em nome de uma suposta liberdade de expressão, os alunos de uma faculdade têm medo de lá estar e de votar nas suas próprias eleições. Deve ser em nome dessa liberdade que se deixam pintar certos murais e outros não. Tristes dias, incompreensíveis, perigosos e muito, muito graves.

Perguntas de um Operário Letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casa
Da Lima Dourada moravam os seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China
Para onde foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas…

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.

O que há é pouca gente para dar por isso.

óóóóó –  óóóóóóóóó – óóóóóóóó óóóóóó

(O vento lá fora.)

Para celebrar este dia, comecei por passar a página das músicas para esta página principal. Do que já estava fica o Zeca Afonso.

Passo agora a acrescentar alguns poemas ditos pelo Mário Viegas (obrigada ainda outra vez, Público!). Sem escolhas simbólicas nem propositadas. Abri os livros e escolhi o que hoje me apetece.

Ali no cantinho esquerdo.

SÁBADO, 24 de MARÇO
17h30
Cooperativa Crew Hassan
Rua das Portas de Santo Antão, 159, 1º

 

Divulga e aparece!

Esta semana, dia 20, passam quatro anos sobre a invasão e o início da II Guerra no Iraque.

Também esta semana, o May Day, que se bate pelo fim do precariado, começa a sua mobilização já a pensar no 1º de Maio.

Terça-feira: 4 anos depois do início da guerra, ainda sem fim à vista

 

Quinta-feira: May-Day – o Precariado rebela-se!

Sexta-feira: Canções pelo Iraque

Auditoria

Que se lixe a troika