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Deixar a Luz de Lisboa traz também a perspectiva de voltar já com algumas saudades, chegar pela Ponte 25 de Abril e poder contemplá-la por inteiro, naquela que é para mim a melhor entrada da cidade.

Agora, ao Mar!

“Tenho” outro blog e nem sabia! O grandioso espectáculo Ensaladas “quase multimédia” tem um blog e eu só descobri agora!

Ora, já que voltei ao assunto, cá vai mais um cartaz.

 

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Ainda acerca da conversa de ontem com o Zé Mário Branco sobre o Zeca Afonso.

No fim, alguém falava da questão do saber ler/escrever música. No fundo, o “alfabeto” musical é como o alfabeto latino. Só parece mais estranho em Portugal, porque a aprendizagem musical não é difundida e acessível à população em geral.

Saber ler não significa saber pensar ou articular ideias. As “Rebelos Pintos” sabem juntar as letrinhas, têm cursos universitários e escrevem livros atrás de livros, todos nos tops de vendas. Nunca serão Escritoras, e aqueles livros não são de Literatura. O Poeta António Aleixo, por seu turno, semi-analfabeto – era o filho que apontava algumas das quadras dele, é um dos Poetas do século XX português, com ideias e reflexões que mantém actualidade ainda hoje.

Mas já estou a divagar… o que eu queria dizer é que o mais importante é sempre e apenas o saber pensar. Se este saber primordial lá estiver, então a literacia (em qualquer linguagem) será muito útil. Caso contrário, só serve para enfeitar.

Voltando à música, o que não falta (em qualquer tipo/género de música) são “Rebelos Pintos”… Mas quem saiba pensar, reflectir, verdadeiros conhecedores com mentes abertas (“Zecas”, “Zés Mários” e outros que tais) faz sempre falta – e faltam muitos mais.

Ouvir o Zé Mário a falar do Zeca é uma delas!

Ele disse que ficava ali a noite toda a falar. E eu por mim tinha lá ficado a ouvir.

Gosto muito de ouvir cantar o Zé Mário, claro (mas ainda é preciso dizer?). Mas além disso, gosto de o ouvir falar, como gostava de ouvir falar o Mário Viegas, e como teria gostado certamente de ouvir o Zeca Afonso. A razão é que são muito raras as pessoas com tão grande consciência do que se passa, com verdadeira coerência e cultura sólida: essas são as pessoas que têm coisas verdadeiramente importantes para nos dizer. Tanto no imediato, nas pequenas coisas, como para a reflexão sobre a vida, o Mundo, as decisões a longo prazo. E para ficarmos a saber alguma coisinha, que o saber não ocupa espaço.

Ontem fiquei a conhecer o Zeca que não conheci, porque tinha 10 anos quando ele morreu. Aquele que apenas se intui nas canções. O homem simples, o músico /criador, o próprio processo criativo do compositor (que me deu pano para mangas para pensar…), o amigo dos amigos.

 

O texto do Daniel é claro e conciso, aliás todo o caso se explica a si próprio.

Eu não ía dizer mais nada… mas não resisto. Imagino a cabeça do tipo às voltinhas: “Já um gajo não pode subornar um eleito à vontade, pá! A gente anda aqui na nossa vidinha… sim, qu’isto é a nossa vidinha, pá! Sempre foi assim, e agora põem-se com esquisitices porquê? Sempre foi assim, é um esquema porreiro, toda a gente ganha, pá!” 

“É o céu, é o céu! É Lisboa!”

Do site do Zé.

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Aqui fica só uma ideia… até à chegada do cartaz “oficial”.

Tal como eu calculava, o registo meio fadista e a colocação escura da Mísia resultam lindamente no tango, ou de como o tango e o fado têm muito em comum.
O ambiente, a visão do mundo, a nostalgia; estas duas canções urbanas nasceram mais ou menos na mesma época, tiveram muitas influências comuns, nomeadamente africanas e de marinheiros. O fado foi dançado até ao início do século passado, e nasceu, tal como o tango, nos bordéis e nos meios mais populares.

Resumindo, gostei de ouvir a Mísia. Além do mais, é raríssimo ter uma portuguesa num papel principal naquela casa (S. Carlos). Habitualmente os portugueses ficam com os papéis secundários.

O actor, Manuel Callau, era também muito bom.

Os bailarinos-percussionistas foram fantásticos (Elizabeth Davies incluída). Digo-o desta forma porque os bailarinos tinham uma intervenção directa na música através de gestos sonoros que se integravam na percussão (rápidos, difíceis, e muito bem feitos); a Elizabeth Davies, porque dança sempre quando toca, e é um prazer vê-la tocar.

O tenor, Keith Lewis, é um tenor lírico da música “clássica” e ficou no clássico-lírico. Tanto lhe deu que fosse Piazzola ou Wagner… demasiado vibrato, demasiado formal. Cantava bem, mas esteve noutra.

O coro falado: visivelmente tiveram pouco tempo de ensaio (poupanças no MC… teve que se pagar o Museu do Berardo…) e a fala estava demasiado ritmada em vez de parecer natural.

Do novo estilo de encenações do S. Carlos, que tem sido relativamente coerente nas últimas coisas que tenho visto: muito bom!

Gostei desta operita-tango assim que a ouvi, há muitos anos, e esperei esses anos para a ver. Ou seja, as minhas expectativas estavam altas. E foi muito bom não as sentir defraudadas!

Auditoria

Que se lixe a troika