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Começa aqui uma nova série de posts sobre as palavras que deixámos de usar, porque passou a “parecer mal”. Na maior parte dos casos trata-se de fenómenos que existiam e que gostamos de acreditar no mito de que desapareceram. Nem queremos pensar de que toda a nossa vida assenta precisamente nesta negação. O primeiro passo para resolver o problema é perceber que existe e onde está.

No caso de hoje, até desapareceu de facto, durante algum tempo. Mas verificamos todos, se estivermos com atenção, que voltou.

Como se vê nas imagens os meios de comunicação romperam a primeira parte da censura: desta vez até chegaram a comparecer na conferência de imprensa, filmaram, gravaram o som. Só isso já foi uma vitória, porque não é habitual!

Falta a segunda parte: depois de gravadas esta manhã houve tempo mais que suficiente para preparar a reportagem, editar o som e a imagem e divulgar. Mas viu estas imagens nalguma tv perto de si? Não? Isso é censura.

A censura pode vir dos editores, pressionados pelos administradores. A questão é sempre o dinheiro: a ameaça de perder anunciantes e/ou a ameaça de custosos processos judiciais (por causa de notícias que desagradem a alguém, por mais verdadeiras que sejam e que se possam provar). Os accionistas ou o Estado não admitem perder rendimento e os administradores trabalham apenas para eles, ninguém mais — em todas as empresas, em qualquer actividade, o cliente não interessa, é apenas um meio de agradar aos accionistas.
No fundo desta escala estão os jornalistas, precários na sua maioria, obrigados a escolher entre a fome ou o código deontológico, numa luta de titãs com editores altamente mediáticos. Também os há rendidos ao sistema ansiosos apenas por agradar para subir, não importa a qualidade da informação, a honestidade, o profissionalismo nem sequer o código deontológico.
O leitor do jornal ou o telespectador? Não interessa, não conta.

Por isso, desligue a televisão e procure a sua própria informação, porque os acontecimentos reais no mundo só dão na televisão quando:

1. São demasiado longínquos para produzirem algum efeito de identificação (ui… esta é tão antiga, que já vem do Beaumarchais);

2. São facilmente manipuláveis para contar uma história conveniente, parecendo ainda assim que se está a dar a notícia;

3. São suficientemente pequenos para caberem no espaço “vejam só como somos abertos e democráticos”.

Só mais um exemplo recente:

O Zeca, o Adriano, o Fausto e o Sérgio. E não digo mais nada, oiçam… eu não consigo parar!

Auditoria

Que se lixe a troika