Pingo Doce aberto a 1 de Maio de 2011 na Av. Almirante Reis — Foto de Rita Correia

Uma boa parte das grandes superfícies vai estar fechada hoje, dia 1 de Maio, apesar da permissão da lei para abrir as portas, num pequeno gesto de demonstração de respeito pelo Dia do Trabalhador.

De entre as que não fecham portas encontra-se o Pingo Doce (Jerónimo Martins), o Continente (SONAE), o Ecomarché, o Intermarché e a Worten. Foi emitido pelo CESP um pré-aviso de greve para o sector, ao qual responderam Alexandre Soares dos Santos pela Jerónimo Martins e Paulo Azevedo pela SONAE. A Jerónimo Martins declara desta forma que tem dinheiro para pagar aos trabalhadores, mas escolhe fazê-lo só quando eles exercem os seus mais elementares direitos. A um pré-aviso de greve responde com uma remuneração de 200%. O dinheiro apareceu em dois minutos ou esteve sempre lá? Sabendo que o dinheiro não cai do céu com a chuva, podemos presumir que já existia, mas é ESCOLHA da Jerónimo Martins continuar com a sua política de salários miseráveis. SABE BEM PAGAR TÃO POUCO, explica o Pingo Doce. Imaginamos que sim… ou talvez lhes fique um travo amargo no fim!

Sem enganos: as condições laborais, a precariedade, os atropelos aos direitos, os salários de miséria são semelhantes em quase todos os grupos económicos do sector. Não há grandes diferenças.

Mas NÓS, simultaneamente cidadãos, consumidores, trabalhadores e clientes, podemos fazer a diferença. Podemos indicar aos grupos que respeitam o Dia do Trabalhador que, embora este não seja mais que um gesto simbólico e todo o caminho para o pleno respeito pelos seus trabalhadores esteja por fazer, apreciamos e sabemos retribuir.

Aos grupos que não respeitam o Dia do Trabalhador, afirmando ainda por cima, que até podem pagar melhor, mas ESCOLHEM não o fazer, dizemos: ESCOLHA ERRADA.

NÓS, CIDADÃOS-CONSUMIDORES PODEMOS FAZER UM BOICOTE PROLONGADO A ESTAS CADEIAS DE SUPERMERCADOS. Não é complicado: há alternativas um pouco por toda a parte, sobretudo nas cidades. Basta escolher uma das alternativas.

Este é um protesto que atinge onde mais lhes dói: nos lucros. Para as restantes cadeias de supermercados, que neste caso podem pensar até que irão ter um aumento nas vendas, é uma chamada de atenção: este é o nosso poder. Escolhemos onde comprar. Por isso, o caminho dos direitos é mesmo para fazer, sob pena de o boicote virar as agulhas no espaço de um só dia.

P.S. — Mais informações e acompanhamento do 1º de Maio no Continente e Pingo Doce junto dos Precários Inflexíveis.